Nuvem de fumaça sufoca a RMC
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A semana começou como terminou a última: incêndios florestais e urbanos sem controle, focos se multiplicando a cada dia e uma densa nuvem de fumaça sufocando a Região Metropolitana de Campinas (RMC).
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que 60% do território brasileiro está coberto por esse imenso colchão cinza formado por partículas derivadas das queimadas. Nesta segunda-feira (9), a cidade de São Paulo foi considerada a de pior qualidade do ar no mundo entre as metrópoles mais populosas e historicamente poluídas.
Imagem do satélite Goes 16 mostra o Brasil tomado pelo fogo, tempo seco e baixa umidade do ar: clima de deserto – Foto: Cepagri/Reprodução
RMC não é diferente. Um dos cartões-postais de Campinas, referência ambiental e de turismo, o Pico das Cabras arde em chamas desde o início da noite desta segunda-feira (9).
Brigadistas, bombeiros, agentes da Defesa Civil e voluntários tentam controlar o fogo que atinge uma área próxima ao Observatório de Capricórnio.
A área atingida pelo incêndio é formada por vegetação rasteira e eucaliptos.
Ela fica no limite com a cidade de Morungaba, ainda na RMC. A fumaça derivada deste grande incêndio alcança os distritos de Sousas e Joaquim Egídio, além da parte sul de Campinas.
A este incêndio se somam outros de grandes, médias e pequenas proporções que atingiram a região nos últimos dias, como os de uma área de 450 hectares em Elias Fausto e outro na Serra dos Cocais, em Valinhos, que segue desafiando as autoridades por conta da renovação constante dos focos.
Cidade de Jaguariúna engolida pela fumaça das queimadas na tarde desta segunda-feira (9) – Foto: Gustavo Abdel/Hora Campinas
Não é só a zona rural que sofre com o tempo seco. As áreas urbanas colecionam episódios de queimadas. Moradores do Jardim Flamboyant, em Campinas, convivem há semanas com focos de incêndios.
Moradores já levaram o caso à Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Eles denunciaram ao Hora Campinas que o bairro, mais especificamente nas imediações da Rua Gilberto Guimarães de Carvalho, tem apresentado alto risco de queimada nas matas que margeiam o Ribeirão das Anhumas.
Eles ressaltam que o trecho é morada de várias aves e outros animais.
Os moradores reforçam também que as queimadas também ocorrem incessantemente em praças públicas e terrenos públicos com vegetação, como na Rua Ernani Pereia Lopes, Rua Maria Roversi Dias, além do corredor de praças localizadas entre as ruas Presidente Prudente e Redenção da Serra.
É incessante o cheiro de fumaça e se vê facilmente os seus rastros e restos, de dia, de noite, a qualquer dia da semana.
Para eles, a motivação das queimadas é provavelmente o descarte de lixo. Colocar fogo em mata e vegetação é crime ambiental. Autoridades policiais investigam como criminosa parte dos incêndios florestais que assolam o estado paulista.
“É urgente a tomada de ação antes que algum incêndio de maiores proporções aconteça e prejudique a flora e fauna do local, além de piorar ainda mais o quadro severo da qualidade do ar na região”, reforçam os moradores em mensagem ao Hora Campinas.
De acordo com o Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), nesta terça-feira (10), o estado de São Paulo continuará sob a influência de uma massa de ar quente e seco, resultando em mais um dia de calor e baixa umidade.
A previsão é de céu claro em todo o estado, com temperaturas altas durante a tarde. O risco de incêndios permanece alto em todo o estado.
Nos próximos dias, a condição é de estabilidade e não há previsão de mudança no tempo. São Paulo segue em estado de emergência para incêndios.
Região do Piçarrão, em Campinas, tomada pela fumaça na tarde desta segunda-feira – Foto: Leandro Ferreira/Hora Campinas