NRF já aponta tendências como metaverso
A NRF já aponta tendências como metaverso, inteligência exponencial e tecnologia quântica em no mínimo 5 anos. Mas, para o varejo chegar a esse ponto, a digitalização dos negócios precisa começar já
Por Karina Lignelli 17 de Fevereiro de 2022 às 16:00
| Repórter lignelli@dcomercio.com.br
Digital é commodity, igual a energia elétrica. O recado da NRF 2022 é claro ao reforçar que, o negócio que ainda não tem estratégia de digitalização, mesmo após dois anos de pandemia, dificilmente vai sobreviver.
E com a expectativa de um ano bastante desafiador, a economia digital será a saída para criar soluções e alternativas para os setores mais afetados pela pandemia voltarem à normalidade e garantirem os resultados.
Esse foi o principal insight destacado por Pedro Guasti, head de expansão internacional da Nubimetrics e fundador da consultoria Ebit, na palestra on-line sobre tendências e expectativas para o e-commerce em 2022, apresentada pelo Conselho Consultivo da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) na última segunda-feira (14).
Após a aceleração do amadurecimento do consumidor on-line provocada pela pandemia, o setor, que cresceu 41% em 2020, e 26% em 2021 (dados estimados pela Ebit Nielsen), agora segue em tendência de estabilidade.
Mas isso não quer dizer que as vendas devem diminuir. De acordo com o Guasti, em 2022 a expectativa é que as vendas on-line cresçam entre 10% e 15% ante 2021, com faturamento estimado de R$ 125 bilhões.
E os fatores que levarão a esse resultado são diversos. Além do amadurecimento a toque de caixa, consumidores que só adquiriam ingressos, passagens aéreas e bens duráveis on-line, passaram a comprar também perecíveis, considerados os produtos mais complexos para se vender pela internet.
Os dispositivos móveis também caíram no gosto desse consumidor, ultrapassando as compras realizadas por desktop em junho de 2020, quando passaram a responder por 54% do consumo on-line.
Até na Black Friday se observaram mudanças positivas puxadas pelo e-commerce. Em 2020, com a maioria dos comércios fechados, a data promocional cresceu 25%.
Já em 2021 o "esquenta" ganhou força, crescendo 5% no total sobre a base expandida do primeiro ano de pandemia. Porém, apenas nos 7 dias anteriores à data, a alta foi de 31%.
"Podemos entender que a 'Black November' ganha mais força a partir de agora", sinaliza Guasti.
Mas, o que esperar do e-commerce brasileiro em 2022? De acordo com o head da Nubimetrics, se em termos de market share a pandemia fez o setor chegar a quase 12%, essa aceleração deve fazer com que chegue muito próximo de 15% do varejo total, que é praticamente a participação do varejo americano.
Guasti reforça que adotar uma estratégia omnichannel hoje traz valor, resulta em eficiência operacional, agrega mais às margens de lucro e, principalmente, potencializa a satisfação dos consumidores.
"Estamos em um movimento de consolidação do setor, mas ainda há preocupação quanto à sobrevivência do varejo - em especial o pequeno e médio. Por isso, quem ainda não começou, já está atrasado", alerta.
Em tempos de total commerce, como diz o especialista, o comércio eletrônico deve movimentar US$ 1 trilhão globalmente até 2025, de acordo com dados da consultoria global eMarketer.
Leia a seguir o que esperar para setor em 2022, e também os insights trazidos na NRF para os próximos cinco a 10 anos:
FORTALECIMENTO DO SETOR - Uma boa parcela da população mundial que começou a comprar pela internet durante a pandemia continuará a usar este canal. "O consumidor entendeu que o tempo é um ativo precioso, e comprar em lojas virtuais lhe garante economia de tempo e dinheiro", afirma Guasti.
CONSOLIDAÇÃO DOS E-COMMERCES 'LOCAIS' - Devido ao confinamento imposto pela pandemia, muitos comércios locais tiveram que acelerar e implementar alguma solução de venda não presencial para sobreviver e continuar atendendo seus consumidores de bairro.
Neste quesito, vale a implementação de alternativas como vendas por WhatsApp, lançamento de lojas virtuais simplificadas em plataformas gratuitas, e a entrada em marketplaces, destaca o especialista. "E para 2022, a tendência é se especializarem mais ainda."
MARKETPLACES E O D2C - No primeiro semestre do ano passado, a participação no faturamento dos marketplaces no e-commerce brasileiro foi de 78% - um crescimento de 56% em apenas 1 ano. Por isso, a entrada de fabricantes e marcas nessas plataformas, conhecida como D2C (direct-to-consumer), "já é uma realidade", diz.
A HORA E A VEZ DO OMNICHANNEL - Atualmente, especialistas do mercado vêm a estratégia omnichannel como a única alternativa de agregar valor às empresas. Portanto, destaca o especialista, 2022 será um ano no qual se assistirá movimentos importantes de consolidação do omnichannel nas redes varejistas que estão trabalhando forte o assunto, além da preocupação quanto à sobrevivência de outras que sequer iniciaram essa transformação.
LIVE STREAMMING OU LIVE COMMERCE - Segundo a consultoria global eMarketer, apenas na China, as vendas do live commerce chegaram a US$ 131 bilhões em 2021 e serão responsáveis por 37,4% do total das vendas do social commerce no país - algo como 10% do faturamento de todo o e-commerce na China.
Mesmo assim, apesar de o Brasil entrar um pouco atrasado nessa tendência em relação à Ásia, Guasti afirma que estamos com todas as condições mercadológicas para repetir o sucesso chinês.
"Temos uma população jovem, um varejo eletrônico fortalecido com grandes players, avançamos na logística, temos democratização do 3G e 4G, avanço no 5G e 160 milhões de pessoas com dispositivos móveis."
FOTO: Freepik
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