Primeira vez juntos: sorotipos 1, 2 e 3
Crédito: FreePik
A Secretaria de Saúde de Campinas recebeu a confirmação dos primeiros casos de dengue na cidade causados pelos sorotipos 2 e 3 do vírus, que não circulavam desde 2021 e 2009, respectivamente. As amostras de sangue dos pacientes foram analisadas pelo Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, e antes disso a metrópole só havia registrado o sorotipo 1.
“Esta é a primeira vez em que três sorotipos da dengue circulam de maneira simultânea em Campinas, o que aumenta o risco de casos graves e de as pessoas se infectarem com um vírus que não têm imunidade”, alertou a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), Andrea von Zuben. O problema é alertado desde o fim de 2023 pela Prefeitura, quando o prefeito, Dário Saadi, anunciou um pacote de medidas com objetivo de mobilizar a população para cuidados e evitar novas mortes pela doença .
“É importante que a população abra cada vez mais suas portas para os agentes da Saúde e colaborem fazendo sua parte na eliminação semanal de focos de água parada e potenciais criadouros para o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. Além disso, que procure de maneira correta assistência médica se apresentar sintomas. Queremos evitar casos graves da doença e que Campinas tenha vidas perdidas”, ressaltou o coordenador do Programa de Arboviroses, Fausto de Almeida Marinho Neto.
Por enquanto, não houve identificação do sorotipo 4 do vírus da dengue em Campinas. Ele não é registrado na cidade desde 2014, mas já causou infecções em outros municípios.
Os grupos mais vulneráveis para os sorotipos 3 e 4 são crianças, adolescentes e adultos que não tiveram contato com a doença e com estes sorotipos. Há risco maior de dengue grave quando uma pessoa é infectada por tipo diferente ao anterior.
Os moradores diagnosticados com os sorotipos 2 e 3 da dengue foram atendidos por serviços de saúde particulares em Campinas e evoluíram para cura. São eles:
Sorotipo 2
Mulher, 39 anos, coleta de exame em 3 de janeiro, residente na região Sudoeste.
Mulher, 37 anos, coleta de exame em 10 de janeiro, residente na região Leste.
Como o Adolfo Lutz avalia somente alguns casos para saber o sorotipo, não é possível afirmar se estas foram as primeiras infecções em Campinas para os subtipos 2 e 3, nem precisar a quantidade de casos de cada um. Desde 1º de janeiro a cidade registra 1.949 infectados e nenhum óbito. A atualização das estatísticas foi realizada pela Saúde na terça-feira, 6 de fevereiro.
A Secretaria de Saúde colocou em prática, desde dezembro de 2023, uma série de medidas consideradas adicionais, sobre o plano regular de prevenção e combate à dengue, que inclusive começaram a ser copiadas por outros municípios diante do aumento de casos.
Neste ano, agentes de Saúde já visitaram 18,4 mil imóveis em quatro mutirões e ações de visitas às residências que antecederam estes trabalhos específicos para orientar a população e eliminar criadouros do Aedes aegypti. Além disso, somente no sábado, 3 de fevereiro, um mutirão da Secretaria de Serviços Públicos recolheu 1,4 mil toneladas de lixo e entulho descartados irregularmente em áreas públicas de Campinas.
Ainda em janeiro, o prefeito de Campinas, Dário Saadi, enviou um ofício ao Ministério da Saúde para reivindicar a entrega de vacinas contra a dengue. A medida ocorreu após a cidade ficar fora da lista de municípios contemplados com a 1ª remessa, embora ela atenda a maioria dos requisitos para receber o imunizante. Veja aqui detalhes.
A luta contra as arboviroses exige uma contrapartida da sociedade. A Prefeitura mantém um programa de controle e prevenção da doença, mas cada cidadão precisa colaborar destinando corretamente resíduos e evitando criadouros. Dados do Devisa mostram que 80% dos criadouros estão nas residências.
Para acabar com a proliferação do mosquito é preciso evitar qualquer acúmulo de água, principalmente em latas, pneus, pratos de plantas, lajes, calhas e outros objetos. É importante, também, vedar a caixa d’água e manter fechados vasos sanitários inutilizados.
Caso o morador tenha febre e mais dois sintomas associados (dor de cabeça, dor no corpo, náusea, vômito, manchas no corpo, dor articular, dor atrás dos olhos), ele deve procurar um centro de saúde de Campinas para receber atendimento e orientações.
Por outro lado, se apresentar tontura, dor de abdominal muito forte, vômitos repetidos, suor frio e sangramentos, a busca por auxílio deve ser feita em pronto-socorro ou em UPA.
Em 2015, a Prefeitura criou o Comitê de Prevenção e Controle das Arboviroses, que no ano passado passou a se chamar Comitê Municipal de Enfrentamento das Arboviroses e Zoonoses.
O grupo reúne 14 secretarias: Governo; Saúde; Educação; Serviços Públicos; Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; Gestão e Desenvolvimento de Pessoas; Administração; Comunicação; Trabalho e Renda; Esportes e Lazer; Cultura e Turismo; Habitação; Relações Institucionais, e Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos. Também participam Defesa Civil, Serviço 156, Rede Mário Gatti, Setec e Sanasa.
No comitê é discutida a situação epidemiológica da cidade e, com isso, são desencadeadas as ações intersetoriais e apoio para as ações da Secretaria de Saúde. Mais informações estão no site: https://dengue.campinas.sp.gov.br.
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