Lei, Resolução, Responsabilidade e ética
A questão dos estacionamentos privativos em Campinas não se resume apenas às leis municipais e às resoluções do Contran. Há também questões éticas e morais envolvidas, especialmente quando se trata do uso das vagas em propriedades privadas que pagam aluguéis altíssimos e impostos para ter posse de um imóvel.
De acordo com as informações do Grupo Otimize, a legislação em Campinas estabelece critérios específicos para a criação e operação de estacionamentos privativos para clientes. Isso inclui o dimensionamento correto das vagas, a sinalização adequada e a disponibilidade de vagas para pessoas com deficiência e idosos, conforme as normas do Contran.
No entanto, é importante refletir sobre as questões éticas ao utilizar essas vagas. Comerciantes que pagam aluguéis mais caros por imóveis que possuem vagas de estacionamento para clientes e arcam com altos impostos têm o direito de esperar que essas vagas sejam utilizadas pelos seus clientes. Estacionar indevidamente nessas vagas não apenas desrespeita o investimento desses empresários, mas também prejudica a dinâmica do comércio local.
Além disso, a prática de rebaixar calçadas para criar estacionamentos privativos também levanta questões morais e éticas. Ao diminuir as vagas disponíveis para o público em geral, pode-se criar um impacto negativo na acessibilidade e na comodidade dos pedestres. É necessário equilibrar as necessidades dos estabelecimentos comerciais com o respeito aos espaços públicos e à mobilidade urbana.
Portanto, ao abordar o tema dos estacionamentos privativos em Campinas, é fundamental considerar não apenas as questões legais e regulamentares, mas também os aspectos éticos e morais envolvidos. Respeitar as leis e os direitos dos proprietários de estabelecimentos é essencial para uma convivência harmoniosa e para o desenvolvimento sustentável da cidade.
A resposta é “depende”. Não há problema algum em oferecer estacionamento privativo para os clientes de seu estabelecimento. O problema é como você faz isso.
De acordo com a Resolução nº 302/2008 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), “fica vedado destinar parte da via para estacionamento privativo de qualquer veículo em situações de uso não previstas nesta resolução”.
O Art. 2º da Resolução permite vagas privativas apenas nas seguintes situações:
Veículo de aluguel (exclusivo para veículos que prestam serviços públicos, como táxi e transporte escolar);
Pessoa com deficiência física;
Idoso;
Operação de carga e descarga;
Ambulância;
Estacionamento rotativo;
Estacionamento de curta duração;
Viaturas policiais.
Isso significa que você até pode rebaixar o meio-fio e criar um estacionamento de recuo para que os clientes possam estacionar em frente ao seu estabelecimento. Porém, essas vagas não podem ser exclusivas.
Ao fazer o estacionamento de recuo e fixar avisos de exclusividade para consumidores, as vagas que seriam destinadas ao público, paralelas à guia do passeio, deixam de existir, prejudicando os cidadãos que usufruiriam delas.
Portanto, criar um estacionamento de recuo não é proibido, mas impedir qualquer motorista de estacionar é.
Assim, qualquer condutor, cliente ou não daquele estabelecimento, pode e deve acessar o estacionamento de recuo e utilizá-lo pelo tempo que achar necessário.
Outra irregularidade comum é colocar cones, pneus e correntes como obstáculos para impedir que os motoristas utilizem o estacionamento de recuo.
Esse tipo de ação é configurada como demarcação irregular de estacionamentos privativos e, de acordo com o Art. 24 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), apenas os órgãos de trânsito estão autorizados a reservarem vagas de estacionamento.
Além disso, o uso de objetos para demarcação pode representar perigo para os demais usuários da via, como afirma o Art. 26 do CTB:
“Art. 26. Os usuários das vias terrestres devem:
I – abster-se de todo ato que possa constituir perigo ou obstáculo para o trânsito de veículos, de pessoas ou de animais, ou ainda causar danos a propriedades públicas ou privadas;
II – abster-se de obstruir o trânsito ou torná-lo perigoso, atirando, depositando ou abandonando na via objetos ou substâncias, ou nela criando qualquer outro obstáculo”.
Por outro lado, com a aprovação do órgão municipal competente, você pode criar um estacionamento exclusivo para seus clientes, desde que ele tenha entrada e saída conforme os espaçamentos exigidos no Plano Diretor ou na Lei de Uso e Ocupação do Solo, deixando o restante da via com a calçada alta, permitindo o estacionamento público paralelo ao passeio.
Para entender a fração mínima do meio-fio em relação à fachada que deve ficar alta, você precisa verificar essa informação com a Prefeitura Municipal de sua cidade.
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